sábado, 8 de maio de 2010

Aluguel de ações: recorde de operações indica perspectiva de queda para a bolsa?

Interessante a matéria publicada pela infomoney.
SÃO PAULO – Em abril, as operações de aluguel de ações atingiram recorde histórico de volume, acumulando R$ 38,521 bilhões, através de um total de 78.813 operações. Uma vez que essa operação costuma indicar que o investidor espera queda nos mercados, esse movimento pode ser seria um indicativo de que os investidores estão se posicionando de maneira a lucrar com um esperado movimento de baixa nas bolsas?

O que é
Para responder essa pergunta, primeiro é conveniente explicar o que é o aluguel de ações. A operação é simples e análoga ao aluguel de um apartamento: o proprietário da ação aluga o papel, e continua recebendo benefícios – proventos, bonificações, além de um rendimento extra. Na data em que acaba o aluguel, o proprietário recebe de volta a ação.

E qual é o benefício para os tomadores, que tomam essa ação emprestada e tem que desembolsar por isso uma remuneração ao locatário? Simples: no meio tempo, ele pode vender a ação, e no momento em que o prazo da operação chegar ao fim, comprá-la novamente para devolvê-la ao proprietário da ação.

Assim, a operação é vantajosa para quem toma a ação emprestada se a perspectiva é de queda dessas ações. Imagine um investidor que, hipoteticamente, aluga uma ação que no mercado à vista custa R$ 10, e paga ao locatário R$ 0,10 pelo aluguel. Ele vende a ação no mercado à vista e embolsa estes R$ 10, arcando também com os custos de transação. Sua expectativa é que no prazo de vencimento da operação - ou seja, na hora de devolver a ação ao seu proprietário - o papel esteja mais barato no mercado; o investidor que alugou a ação sairá no lucro se o preço no mercado à vista na data de devolução da ação somado ao prêmio pago pelo aluguel (R$ 0,10 no nosso exemplo) e aos custos transacionais seja inferior a R$ 10, que foi o tanto embolsado pela venda da ação alugada.

Recorde indica perspectiva de queda?
Voltando ao recorde registrado no último mês, a InfoMoney perguntou a analistas e operadores de mercado se esse aumento no número de aluguéis de ação indica, de fato, que os investidores estão se posicionando para uma queda nos mercados.

Uma opinião que foi consenso entre os entrevistados é que há, de fato, um cenário de incerteza ente grande parte dos investidores, que acreditam em movimento de baixa nas bolsas, e isso explica em partes o aumento no número de aluguel de ações.

Entretanto, essa não é a única explicação. Marcelo de Mattos, operador da corretora Geraldo Corrêa, acredita que este aumento também indica o amadurecimento do mercado, que aprendeu com a primeira crise – quando o padrão era ficar parado em sua posição, ou vender com prejuízo - e agora, na primeira queda mais brusca desde a crise, aprendeu a lucrar em cima do movimento de queda.

“O mercado brasileiro aprendeu muito com a crise. Não só os fundos, que já faziam esse movimento, mas também muito pessoa física, que aprendeu também”, observa Mattos.

O operador reafirma que os investidores estão, sim, precificando uma queda, mas o aumento no número de aluguel de ações indica também um movimento de “medo”, uma tentativa de ganhar dinheiro através do aprendizado da crise.

Recorde de volumes em geral
Marco Aurélio Etchegoyen, operador da Diferencial Corretora, concorda que o número pode ser um indicativo de que aumenta a expectativa de queda do mercado, mas assinala outro ponto: a bolsa está quebrando recordes de negociação sucessivamente, e, com isso, aumenta também a procura por contratos de aluguel.

"É um misto das duas coisas. Sem dúvida, é um pouco o reflexo da incerteza em função da situação [de deterioração fiscal de alguns países] da Europa. Mas também é um reflexo do aumento do numero de negociações na bolsa brasileira”, acredita Etchegoyen.

Contraponto econômico
Na mesma linha que os operadores, o analista-chefe da Gradual Corretora, Paulo Esteves, vê uma incerteza disseminada entre os investidores, e concorda que um aumento no número de aluguel “exlpicita um viés prospectivo negativo para a bolsa”. Esse pessimismo viria muito em função das incertezas quanto aos desdobramentos da crise na Europa.

Entretanto, o analista afirma que, da perspectiva econômica, há um contraponto a esse cenário, uma vez que a análise de indicadores macroeconômicos e dos balanços das empresas está mostrando um cenário positivo.

4 comentários:

  1. Olá Iura,
    Acompanho há algum tempo o volume de posições de aluguel de algumas blue chips. Pois alugo alguns papéis para remunerar minha carteira de investimento a longo prazo. Relacionado a especulação, também utilizo tal volume para identificar possíveis quedas do mercado. No mês de abril o volume de aluguel da VALE foi extremamente alto, totalmente fora do costume, era realmente difícil de acreditar ao acompanhar tais valores. Caso você venha a ter um tempo sobrando para comparar tais dados com o passado irá se interessar.

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  2. Marcos, obrigado pela informação.

    abs

    Iura

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  3. Desculpe a ignorância, mas é possível colocar uma ordem de stop nessas operações vendidas? É possível vender a ação alugada antes do prazo de vencimento para devolver as ações alugadas?
    abç
    Mauro

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  4. Boa noite.
    Parabéns, um excelente artigo.

    Tirei experiências em quedas que me ajudaram muito:
    1- Quando a Bolsa cai 3%, preciso recuperar no mínimo 4% para equilibrar o prejuízo.
    2-Só consegui equilibrar para não sair no prejuízo trabalhando com Opções.

    Com um pouco de cautela e com bastante estudo você consegue se manter na Bolsa sem ser expulso dela.
    Um forte abraço a todos.

    Antônio Ventura.
    http://caminhosdoconhecimento.com

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